Quais Remédios Exigem Receita Azul e Quais Exigem Receita Branca?

Thiago Rodrigues | 26 de junho 2025

A compra de medicamentos no Brasil é regulada por normas rigorosas da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), com o objetivo de garantir a segurança dos pacientes e evitar o uso indevido de substâncias que podem causar dependência, reações adversas graves ou resistência bacteriana. Nesse cenário, dois tipos de prescrição médica se destacam: a receita azul e a receita branca.
Essas duas categorias são destinadas a grupos diferentes de medicamentos e exigem cuidados distintos no momento da dispensação. Entender a diferença entre elas é essencial tanto para os profissionais de saúde quanto para os pacientes.
O que é a Receita Azul?
A receita azul é um tipo de prescrição médica obrigatória para a compra de medicamentos psicotrópicos (Lista A1) e entorpecentes (Lista A2). São substâncias de controle especial por apresentarem alto risco de dependência física e psíquica, além de efeitos colaterais relevantes.
Esses medicamentos fazem parte da tarja preta, ou seja, apresentam no rótulo uma faixa preta com a frase: “Venda sob prescrição médica – o abuso deste medicamento pode causar dependência”.
Características da Receita Azul:
É usada para medicamentos da Lista A1 (psicotrópicos) e A2 (entorpecentes).Impressa obrigatoriamente em papel azul padronizado pela Anvisa.Deve conter duas vias:
- Uma via é retida na farmácia.
- A outra fica com o paciente para controle.
A farmácia é obrigada por lei a reter uma das vias da receita no ato da compra.Tem validade de 30 dias a partir da data de emissão pelo médico.Só pode ser usada dentro do estado onde foi emitida (não é válida nacionalmente).Exige controle rigoroso da Anvisa:
- A farmácia precisa registrar e notificar a venda.
- O medicamento e a receita são rastreados para evitar abusos.
Deve conter obrigatoriamente:
- Nome completo do paciente;
- Dosagem e posologia;
- Assinatura e carimbo do médico;
- CRM do profissional e endereço do consultório;
- Número da notificação da receita.
Exemplos de Medicamentos que Exigem Receita Azul:
- Ansiolíticos e sedativos: Diazepam, Lorazepam, Clonazepam (Rivotril), Alprazolam
- Antidepressivos fortes: Amitriptilina, Nortriptilina, Sertralina (em alguns casos)
- Estimulantes do sistema nervoso central: Metilfenidato (Ritalina), Modafinila
- Analgésicos opioides: Codeína, Morfina, Tramadol (quando associados a substâncias controladas)
- Antipsicóticos: Haloperidol, Quetiapina, Olanzapina
O que é a Receita Branca?
A receita branca é a prescrição médica mais comum e se aplica à maior parte dos medicamentos de uso contínuo ou eventual. Ela é usada para a compra de medicamentos tarja vermelha, ou seja, substâncias que requerem prescrição médica, mas com menor potencial de causar dependência.
A receita branca pode ser emitida em duas versões:
Receita simples (sem retenção) – O paciente apresenta a receita, compra o medicamento, e leva a prescrição de volta.
Receita branca com retenção – Em alguns casos, como antibióticos, a farmácia deve reter uma via da receita para controle.
Características da Receita Branca:
Utilizada para medicamentos de tarja vermelha, como:
- Antibióticos;
- Anti-inflamatórios hormonais;
- Anticoncepcionais;
- Antidepressivos leves.
Impressa em papel branco comum (sem necessidade de papel padronizado).Pode ter:
- 1 via (quando não há necessidade de retenção);
- 2 vias (nos casos em que a farmácia deve reter uma, como para antibióticos).
Retenção da receita:
- Obrigatória apenas para antibióticos e alguns outros medicamentos específicos.
- Em geral, o paciente fica com a receita após a compra.
Prazo de validade:
- 10 dias para antibióticos (conforme exigência da Anvisa).
- Até 6 meses para demais medicamentos (exceto nos casos com controle especial).
Validade geográfica:
- É nacional – pode ser usada em qualquer estado do Brasil.
Nível de controle:
- Moderado ou baixo, dependendo da substância prescrita.
- Antibióticos têm maior controle por conta da resistência bacteriana.
Informações obrigatórias:
- Nome completo do paciente;
- Nome do medicamento, dose, posologia e duração do tratamento;
- Nome, assinatura, carimbo e CRM do médico prescritor;
- Data da prescrição.
Exemplos de Medicamentos que Exigem Receita Branca:
- Antibióticos: Amoxicilina, Azitromicina, Cefalexina
- Anti-inflamatórios hormonais: Prednisona, Dexametasona
- Anticoncepcionais hormonais: Etinilestradiol, Desogestrel
- Antidepressivos leves: Fluoxetina, Sertralina (em dose baixa)
- Antidiabéticos e anti-hipertensivos: Metformina, Losartana, Enalapril
Gráfico: Proporção de Uso de Receitas Controladas
(Descreveríamos aqui um gráfico de pizza ou barras representando a proporção aproximada de uso de receitas, como por exemplo:)
- Receita branca simples – 60%
- Receita branca com retenção (antibióticos) – 25%
- Receita azul – 15%
Esses dados são estimativas com base em farmácias comunitárias e redes de drogarias em centros urbanos.
Por que esse controle é importante?
A diferenciação entre tipos de receitas médicas não é apenas burocracia: ela está diretamente ligada à segurança do paciente e ao controle de substâncias com risco de abuso, dependência ou resistência. Vejamos alguns dos principais motivos:
Evitar automedicação perigosa – Substâncias tarja preta podem causar sérios efeitos adversos se usadas sem acompanhamento médico.
Prevenir dependência química – O uso prolongado de ansiolíticos e opioides exige monitoramento criterioso.
Combater a resistência bacteriana – O uso inadequado de antibióticos está criando microrganismos resistentes, ameaçando tratamentos futuros.
Rastreabilidade – A retenção da receita permite rastrear lotes e identificar irregularidades ou abusos.
Educação do consumidor – Estimula o paciente a buscar orientação médica ao invés de buscar soluções por conta própria.
O que acontece se a receita estiver fora do padrão?
Farmácias e drogarias não podem aceitar receitas fora das exigências da Anvisa. Isso inclui:
- Papel errado (ex: receita azul impressa em papel branco)
- Receita vencida (prazo ultrapassado)
- Falta de dados obrigatórios (nome do paciente, CRM do médico, posologia, etc.)
- Rasuras ou alterações
Nesses casos, a venda é proibida, e o paciente deve retornar ao profissional de saúde para uma nova prescrição.
Dicas para Pacientes:
- Sempre confira a data de emissão e o tipo de papel da receita.
- Não compre medicamentos por indicação de amigos ou parentes.
- Guarde a segunda via da receita azul para controle pessoal.
- Nunca divida antibióticos com outras pessoas – o tratamento deve ser individual.
- Verifique se a farmácia está registrando corretamente a receita de medicamentos controlados.
Conclusão
A diferenciação entre receita azul e receita branca representa mais que uma formalidade: é uma política pública de saúde voltada à segurança, racionalidade e eficácia do tratamento médico. Embora o paciente nem sempre compreenda as exigências, elas existem para proteger sua saúde e garantir o uso consciente de substâncias que exigem controle.
Por isso, respeitar essas normas, seguir corretamente as prescrições e buscar orientação de profissionais qualificados são atitudes essenciais para garantir um tratamento seguro, eficaz e responsável.
Fontes e Referências
- Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
- Conselho Federal de Farmácia (CFF)
- Ministério da Saúde – Manual de Controle de Medicamentos Psicotrópicos
- Organização Mundial da Saúde (OMS)
- Panorama Farmacêutico – Notícias e dados sobre o mercado farmacêutico